“Você nunca me ouve”. “Você sempre me acusa antes de ouvir o que eu tenho a dizer”. “Você sempre está atrasado”. Reconhece um padrão de comunicação aí e percebe que ele faz parte dos seus relacionamentos? Cuidado! Está na hora de aprender a praticar a comunicação não violenta.

 

Nós, os seres humanos, nos comunicamos desde muito, muito cedo. Aliás, esta é uma das primeiras habilidades que desenvolvemos.

Mas, vamos falar a verdade? Quanta confusão nós criamos por não sabermos nos comunicar da maneira correta!

Você já deve ter ouvido, alguma vez, que as nossas palavras (e isso vale para todas as nossas atitudes, também) criam pontes ou muros. Ou seja, elas nos aproximam das pessoas ou nos afastam.

E o que acontece quando nossa comunicação não acontece da melhor forma?

  • expressamos nossas ideias com violência, com agressividade;
  • diante da nossa agressividade, a outra pessoa fecha sua mente para as nossas ideias e não consegue ouvi-las ou compreendê-las;
  • sem que o outro nos entenda, as chances de chegarmos a um acordo que seja bom para as duas partes dimunui muito;
  • se este outro for alguém com autoridade sobre você ― como seus pais ―  ainda pode haver uma consequência bem desagradável deste erro de comunicação;
  • nós ficamos magoados e magoamos o outro. Portanto, da próxima vez que precisarmos nos comunicar, será ainda mais difícil, pois já existe uma barreira emocional entre esses dois seres.

Então, o que fazer? É muito importante aprender a praticar a comunicação não violenta. Você sabe o que é isso? Veja a seguir!

O que é a comunicação não violenta?

A comunicação não violenta é a habilidade de reformularmos o que pretendemos falar a alguém para que a nossa comunicação seja mais humana, consciente, respeitosa e empática.

Isso não signifca que você vai ficar quietinho, passivo, aceitando tudo que os outros fazem e você não gosta. Porém, você vai expressar sua insatisfação de forma clara e sincera, falando sobre seus sentimentos, necessidades e sugestão para resolver uma determinada situação.

Se você está lendo sobre a comunicação não violenta pela primeira vez, talvez o parágrafo acima tenha sido um pouco confuso. Mas vamos passo a passo, para você entender melhor:

Observação

O primeiro componente da comunicação não violenta é a observação que, na verdade, é a identificação do comportamento da outra pessoa que causa um sentimento desagradável em você.

Parece fácil, mas não é! Às vezes, você chega em casa, seus pais falam algo com você e o resultado é que você fica triste, irritado. Só que isso não ajuda você a praticar a comunicação não violenta.

Você precisa identificar exatamente o que deixa você chateado. Afinal, é o tom de voz que sua mãe usou? Talvez ela até tivesse razão em cobrar que suas coisas estavam jogadas na sala. Mas o fato é que, por ela ter gritado, isso deixou você triste.

Ou será que o seu pai falou que você não fez alguma coisa de forma sarcástica, o que fez você se sentir meio estúpido e incapaz? É muito importante identificar o que está incomodando você.

Outras vezes, o problema não é o jeito que o seu pai ou sua mãe falam,  e sim uma ação.

Pode ser que você se sinta injustiçado quando você tem muito mais obrigações que seu irmão ou que se sinta frustrado quando precisa desligar o videogame na hora que seus pais falam para você desligar, interrompendo repentinamente a partida.

Eu sei que você é inteligente. Então, é hora de você colocar sua cabecinha para funcionar e fazer uma listinha com essas situações que frustram você. Mãos à obra!

Sentimentos

Pegue aquela listinha das situações que deixam você chateado, frustrado ou irritado. Ao lado, você vai colocar o sentimento que isso desperta em você.

Quando seus pais não deixam você ir à casa dos seus amigos, por exemplo, como você se sente? Fica frustrado por não poder se divertir com eles? Tem a sensação de que seus pais não confiam em você? Sente-se excluído do grupo, pois todos podem fazer isso, mas “você não é todo mundo”?

Saber nomear os seus sentimentos é um dos pilares da inteligência emocional, que é super importante ao longo da vida. Você sabe como fazer isso?

Necessidades

O terceiro passo é identificar suas necessidades para comunicá-las na hora em que for conversar com a pessoa. Afinal, não basta levantar um problema. Também é importante apresentar uma solução.

Então, pense: o que você gostaria que seus pais (ou qualquer outra pessoa) fizessem para que esse problema não acontecesse?

Talvez falar em um tom de voz normal, que não fosse gritando? Ou, quem sabe, estabelecer um horário fixo para você jogar videogame, sem que você tenha que parar de repente?

Pedido

Finalmente, você vai transformar a sua necessidade em um pedido bem específico para que a atitude da pessoa mude em relação a você.

Algumas observações importantes

A comunicação não violenta é, sem dúvida, a melhor forma de interagirmos com as outras pessoas. Porém, você precisa observar os seguintes pontos:

A comunicação não violenta também é sobre ouvir

Não é apenas o nosso jeito de falar que muda quando praticamos a comunicação não violenta. Também muda o nosso jeito de olhar para o outro, para as necessidades das outras pessoas.

Então, esteja preparado não só para falar, mas principalmente para ouvir e praticar a empatia. Vá com o coração aberto e entenda que os outros também têm necessidades e frustrações.

É bem possível que você descubra, por exemplo, que sua mãe fala em um tom alto com você porque ela chegou do trabalho super cansada e ainda tem a casa para cuidar, louça para lavar, etc. Ela é humana e, portanto, é bem difícil controlar as emoções quando está exausta.

Outras vezes, pode ser que, mesmo com uma comunicaçào correta, seus pais não deixem você ir à casa dos seus amigos quando você queria. Porém, ouça preocupações que eles podem ter em relação à sua segurança, por exemplo.

Tire o olhar do próprio umbigo e tente enxergar a realidade dos outros, que também não é fácil. Só assim vocês podem se ajudar.

A comunicação não violenta não garante que você conseguirá o que quer

A comunicação não violenta não garante que você vai conseguir tudo o que quer. Em alguns casos, a outra pessoa simplesmente não tem condição de oferecer o que você está pedindo.

Essas condições podem ser físicas, financeiras e, principalmente, emocionais. A maturidade é um processo difícil, complexo  e muitas pessoas demoram mais tempo para chegar lá.

Nem sempre as pessoas adotarão o mesmo padrão de comunicação que você

Você foi lá, fez tudo certinho e se comunicou diante dos padrões da comunicação não violenta. Mas… em vez de a outra pessoa tratar você com a mesma consideração, ela simplesmente fez o que a maioria das pessoas fazem: atacou, ofendeu, foi ríspida…

Será que vale a pena jogar tudo para o espaço por causa disso e simplesmente fazer o mesmo que as outras fazem?

Eu não tenho a resposta para isso, pois cada um sabe dos resultados que deseja para a própria vida. Eu sei que, na adolescência, a nossa tendência é pensar só no agora.

Porém, uma série de dados mostram que pessoas que desenvolvem melhor sua habilidade de comunicação têm mais chance de obter sucesso na faculdade, no trabalho, ao construírem sua própria família, ao evitarem um relacionamento abusivo…

Então, independentemente do resultado que você tiver agora, aprender e praticar a comunicação não violenta pode trazer muitos resultados positivos para você no futuro.

Talvez você esteja pensando: eu entendi que é importante praticar a comunicação não violenta, mas não tenho ideia de como fazer isso. Nós separamos alguns exemplos para você, é claro!

Clique na imagem abaixo para saber mais!

 

Comunicação não violenta