Existem determinados processos que são irreversíveis. O espaço que a internet tomou em nossas vidas é um deles. Atualmente, realizamos inúmeras atividades por meio de aplicativos e sites. Pagamento de contas, compras, pedidos de delivery, mensagens instantâneas. Sem dúvida, esse recurso facilita a rotina.

Porém, como todos os canais de comunicação, a rede traz benefícios e riscos. Os perigos da internet podem causar grandes transtornos aos adultos e também às crianças.

Mas afinal, quais são os perigos que a internet representa para as famílias? É possível evitá-los? Qual é a melhor forma de proteger as crianças? Se você tem dúvidas sobre o assunto, continue a leitura!

Como a internet pode viabilizar crimes?

Podemos classificar os perigos da internet em duas categorias principais. A primeira diz respeito à exposição de dados da própria família. Portanto, à frente de uma tela, a criança pode clicar em links maliciosos, que dão acesso a muitas informações que estão naquela máquina.

A partir do clique no link, a criança instala, sem saber, um malware. Esses programas, quase imperceptíveis, podem ter diversos objetivos: ler arquivos do computador, registrar dados como número do cartão de crédito e chave de segurança, acessar a agenda eletrônica.

Portanto, a partir desse ponto, a família fica muito vulnerável. Com dados bancários e do cartão de crédito, os criminosos podem fazer compras e aplicar golpes. Também existe a possibilidade de descobrirem o endereço e saberem a rotina da família.

Assim, os criminosos identificam oportunidades para assaltos e outros crimes. Eles também podem descobrir dias e horários em que algum membro da família está sozinho para abordá-lo com intenção hostil.

No entanto, geralmente a maior preocupação dos pais é com a própria criança. Quais são as principais ameaças à integridade delas na internet? Veja no próximo tópico!

Quais são os perigos da internet para crianças e adolescentes?

É válido destacar que muitos dos crimes que acontecem na internet são apenas uma adaptação de crimes que acontecem na vida real. Quem tem a intenção de causar mal pensa em maneiras de usar canais virtuais para viabilizar sua ação criminosa.

Portanto, os principais perigos que as crianças e adolescentes enfrentam na rede são:

1. Cyberbullying

O cyberbullying é a violência praticada através de canais virtuais. Um indivíduo ou um grupo de indivíduos utiliza a internet para perseguir, ridicularizar ou agredir a vítima.

Uma das características deste crime é que ele é cometido por pares, ou seja, por crianças e adolescentes de idade aproximada à da vítima. Eles divulgam imagens que ridicularizam a criança, fazendo com que ela se sinta constrangida, incapaz, inadequada, humilhada etc.

Infelizmente, o potencial de viralização dos conteúdos negativos é ainda maior que o de conteúdos positivos. Não é incomum que essas imagens, vídeos, memes e outras formas de ridicularização tenham um alcance enorme, e mesmo pessoas que não conheciam a vítima recebem o material.

Além desse grande alcance, as imagens permanecem por muito tempo na internet, pois outras pessoas a republicam. É praticamente impossível eliminar completamente esse tipo de conteúdo.

2. Happy slapping

Trata-se de uma variação do cyberbulling. A tradução literal do termo é “estapeamento feliz”, embora isso definitivamente não reflita o que a vítima sente no momento da agressão.

No happy slapping, enquanto a vítima é agredida fisicamente, outros gravam e transmitem as cenas pela internet. Então, além da violência sofrida, o fato de ter sido vista naquela situação aumenta a sensação de humilhação da criança ou adolescente.

3. Exposição a conteúdos impróprios

Diversos conteúdos são impróprios para crianças e adolescentes. Em alguns casos, eles têm teor sexual. Em outros, estimulam a violência e propagam ódio contra determinados grupos. Existem ainda aqueles que incentivam comportamentos autodestrutivos.

4. Publicação de informações privadas

Trata-se de publicação de imagens e informações sobre a criança em canais digitais. Em alguns casos, essa exposição provoca vergonha, pois retrata uma situação íntima ou constrangedora. Em outros, coloca sua integridade em risco por facilitar sua localização.

5. Grooming

O grooming é, talvez, um dos piores riscos que uma criança ou adolescente corre na internet. Ele acontece quando um adulto, mesmo que disfarçado de outra criança ou adolescente, tenta conquistar a confiança da vítima com o objetivo de cometer um abuso sexual.

Esta prática pode tomar grandes proporções. Depois de conquistar a confiança da criança por um chat de redes sociais ou pelo WhatsApp, o adulto a convence a enviar algum tipo de imagem com conteúdo sexual. Pode ser uma foto com nudez parcial, por exemplo.

A partir daí, com o material em mãos, o abusador passa a chantagear a criança ou adolescente. Ele exige imagens e atos cada vez mais explícitos, ou até mesmo encontros pessoais, para não divulgar o material enviado anteriormente. Intimidada e temendo a exposição, a vítima muitas vezes cede à chantagem.

6. Abuso e exploração sexual

O grooming abre as portas para todo um universo de exploração sexual na internet. Muitas vezes, o crime ainda é documentado em vídeos ou fotos que são distribuídas de forma gratuita ou vendidas.

A distribuição de qualquer material relacionado à pornografia e abuso infantil se enquadra nesse perigo. Lamentavelmente, há redes muito bem estruturadas que trabalham no submundo da internet para disseminar esse tipo de conteúdo.

7. Sexting

Tudo que não é consentido é crime, mas mesmo o que é consentido pode ser um grande perigo. Portanto, é preciso orientar principalmente os adolescentes em relação à prática do sexting.

O sexting acontece quando o próprio indivíduo produz imagens suas de teor sexual e troca essas fotos com outros colegas ou parceiros. O envio pode acontecer por meio de chats das redes sociais, aplicativos de mensagens, e-mails etc.

Embora seja um ato consentido, ele pode ter grandes repercussões. Não é incomum a pessoa que recebeu as imagens publicá-las sem consentimento de quem a enviou, gerando uma série de transtornos.

8. Sextorsão

Trata-se da extorsão baseada na posse de conteúdo de teor sexual. O criminoso pega imagens que ele obteve da própria vítima (muitas vezes, em prática de sexting) e passa a ameaçá-la em troca do sigilo sobre esse material.

A sextorsão pode ter diversos objetivos, que variam desde o pagamento pelo “sigilo” em dinheiro até a exigência de manter relações sociais com o abusador.

9. Haters

Os haters são pessoas que expressam seu ódio por um indivíduo ou um grupo na internet. Diante de uma foto ou de um vídeo da vítima, eles tecem comentários cruéis, e não é incomum que coordenem seus ataques à pessoa escolhida.

Embora qualquer pessoa possa não gostar de outra, de suas opiniões, posicionamentos e estilo de vida, é importante expressar-se sem agredir. Por não seguir esse princípio, o hater pode causar um grande dano emocional.

Muitos adultos sentem sua autoestima abalada depois de ataques de haters. Imagine então o impacto deles sobre a saúde mental de crianças e adolescentes, que ainda não têm uma estrutura emocional tão sólida e nem a maturidade para lidar com esse tipo de agressão.

Um exemplo triste e recente foi o do filho da cantora Walkyria Santos. Ao receber inúmeras mensagens de ódio depois de publicar um vídeo na rede social Tik Tok, o rapaz cometeu suicídio. A própria mãe, apesar da dor da perda, têm procurado alertar outros pais para esse perigo.

A digitalização do mundo é irreversível. Porém, precisamos não só aproveitar os benefícios dessas ferramentas, mas também nos mantermos em alerta sobre os riscos aos nossos filhos.

Gostou do post? Já conhecia esses riscos? Quer saber mais sobre o tema? Confira nosso podcast com a Dra. Talita Garcia Silva e compartilhe com seus amigos.